Dia Mundial da Diabetes 2020

No próximo sábado, dia 14 de novembro, celebra-se o Dia Mundial da Diabetes.

A criação deste dia pela International Diabetes Federation (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1991, pretendeu alertar a comunidade internacional para o inquietante aumento de casos de diabetes no mundo e consciencializá-la da urgência de encontrar respostas que atenuassem as suas consequências para a saúde pública.

A escolha desta data está relacionada com o aniversário de Frederick Banting, médico canadiano que, com a ajuda do seu auxiliar, o estudante de medicina Charles Best, esteve envolvido no isolamento da insulina a partir do pâncreas de um cão que haviam sacrificado.

Em 2007, a data tornou-se dia oficial de saúde da ONU na sequência da sua aprovação em dezembro de 2006.

A diabetes, durante muito tempo encarada como um problema dos mais velhos, já abarca todas as faixas etárias, haja em vista a incidência cada vez maior nas camadas jovens, reflexo de um modo de vida em tudo favorável ao seu aparecimento e desenvolvimento.

Uma população informada sobre as causas da diabetes é condição prioritária para a sua prevenção. Na atualidade, a diabetes afeta cerca de 400 milhões de pessoas no mundo, ceifa a vida de 5 milhões por ano e, tornando ainda mais alarmante a situação, metade dos diabéticos adultos não está diagnosticada.

No contexto da pandemia Covid-19, e perante a preocupação manifestada por muitos diabéticos relativamente àquela, o médico especialista em Medicina Interna João Guerra considera que “Apesar de não haver dados suficientes que demonstrem que as pessoas com diabetes têm maior probabilidade de contrair Covid-19 do que a população em geral, sabe-se que enfrentam um maior risco de sofrer complicações graves com a doença”. Mais adiante defende que “…o risco individual de desenvolver uma doença grave como a Covid-19 será menor se a diabetes for bem gerida e estiver bem controlada”. Refere ainda que “ter doenças cardíacas ou outras complicações, além da diabetes, pode piorar o risco de ficar gravemente doente com a Covid-19, porque a capacidade do organismo para combater uma infeção está comprometida”.

Questionado sobre se os riscos são diferentes para pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2, o mesmo especialista esclarece que “não se conhece nenhuma razão que leve a pensar que a Covid-19 representará uma diferença de risco entre a diabetes tipo 1 e o tipo 2”.

Entretanto, Jean-Marie Dangou, o coordenador do programa de gestão das doenças não transmissíveis do comité regional da OMS para a África, numa conferência de imprensa virtual da OMS sobre a covid-19, dedicada ao impacto da pandemia na saúde no continente africano, defendia que “Existe uma interação mórbida entre a covid-19 e as doenças não transmissíveis, sobretudo a diabetes e a hipertensão”, e relembrou que “a diabetes torna as pessoas mais vulneráveis às infeções em geral”, e adiantou ainda que “…os diabéticos podem também mais facilmente contrair a forma mais grave da doença”.

Não negligenciando o cumprimento dos conselhos da DGS, no que concerne ao distanciamento social, ao reforço da etiqueta respiratória e à lavagem frequente das mãos, por parte da generalidade das pessoas, devem os doentes diabéticos, de modo a prevenir complicações causadas pela Covid-19, envidar também esforços no sentido de:
• manter os valores de glicemia controlados;
• manter, cumprir e, se for preciso, intensificar a terapêutica prescrita;
• cessar, ou pelo menos reduzir o consumo de tabaco;
• evitar o aumento de peso .

Face a um “inimigo silencioso” que afeta mais de um milhão de portugueses, estando outros 2 milhões afetados pela «pré-diabetes», e cuja incidência continua a aumentar de ano para ano, José Manuel Boavida, Presidente da Associação Protetora dos Diabéticos em Portugal, refere que "diariamente são diagnosticadas mais de 200 pessoas com diabetes em Portugal e morrem 12 pessoas por causa desta doença", em particular na faixa etária dos mais velhos, na medida em que o aumento da idade se traduz numa resposta cada vez menos eficiente do organismo à doença. Num quadro em que a diabetes afeta 30% dos homens e cerca de 20% das mulheres, com idade superior a 60 anos, os custos económicos decorrentes dos internamentos e complicações que caracterizam e acompanham a doença leva a que já represente, em Portugal, cerca de 10% dos custos com a saúde.

O país tem que continuar a apostar na prevenção e tratamento atempado das complicações da diabetes. Empenho e determinação constituem as armas que permitirão aos portugueses debelar este gravíssimo problema de saúde pública que tanto dano tem causado na sua qualidade de vida. Só dessa forma se poderá cumprir o “Objetivo 3: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades” dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável adotados em 2015 pelos Estados Membros das Nações Unidas.

A propósito deverá relembrar-se que este objetivo 3 vem ao encontro das competências associadas a Bem-estar, Saúde e Ambiente definidas para o Perfil dos alunos à Saída de Escolaridade Obrigatória, no pressuposto que estes sejam capazes de:
• adotar comportamentos que promovem a saúde e o bem-estar, designadamente nos hábitos quotidianos, na alimentação, nos consumos, na prática de exercício físico, na sexualidade e nas suas relações com o ambiente e a sociedade.

O combate à diabetes passa pelo controlo dos fatores de risco passíveis de serem controlados, ou dito de outro modo, através do controlo do que se come, do que se caminha e do combate que se trava contra o excesso de peso.


Equipa EPS do AEJD