Dia da Prevenção do Cancro da Mama 2020

Na próxima 6.ª feira, dia 30 de outubro, celebra-se o Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama, numa altura em que se assiste, novamente, a um aumento preocupante das taxas de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela pandemia Covid-19.

Esta situação vem realçar a necessidade de incrementar campanhas e ações de sensibilização e de informação relativas à problemática do cancro da mama.

O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) alerta para o facto de os rastreios do cancro da mama terem baixado substancialmente por causa da pandemia, referindo mesmo que “cerca de mil cancros da mama, do colo do útero e colorretal não foram diagnosticados nos últimos oito meses por causa da Covid-19”, acrescentando ainda que "se o diagnóstico está a falhar, porque não há requisição de exames, vai haver impacto a prazo", pois o cancro é tanto mais tratável quanto mais precoce for o seu diagnóstico.

A situação de combate à Covid-19 levou a que os cuidados de saúde, nomeadamente as consultas nos centros de saúde, deixassem de ser realizados, perdendo-se a possibilidade de uma primeira referenciação da doença por meio de prescrição de exames de diagnóstico.

A LPCC adverte que "o combate ao cancro deve ser uma prioridade contínua, que não pode ficar em segundo plano face à pandemia da covid-19".

É ponto assente que alterações de comportamentos perante a doença e a divulgação de informação adequada e cientificamente comprovada sobre o tratamento, o rastreio, o diagnóstico e a prevenção do cancro da mama, são dos meios mais eficazes na luta contra esta neoplasia que se manifesta essencialmente nas mulheres, pois que nos homens, não estando ausente, apresenta, no entanto, um valor bem mais reduzido.

O autoexame da mama, também designado de autocuidado, que deve ser feito mensalmente, constitui uma excelente forma de ajuda na identificação rápida de alterações que possam indicar o desenvolvimento de cancro. Meios como as ecografias e as mamografias realizadas anualmente, a partir dos 40 anos, são fundamentais para deteção da doença, que tem 95% de hipóteses de bom prognóstico se detetada numa fase inicial.

Estima-se que uma em cada onze mulheres em Portugal seja afetada pelo cancro da mama no decurso da sua vida, sendo este o cancro que apresenta maior taxa de incidência em Portugal, como o atestam os mais de 6000 novos casos que surgem anualmente.

Portugal está entre os dez países da Europa que registam melhores taxas de sobrevivência no cancro da mama (90% em média), não deixando, no entanto, de ceifar a vida de cerca de 1600 mulheres todos os anos, representando a principal causa de morte precoce (antes dos 70 anos) nas mulheres em Portugal.

O aumento do cancro da mama tem ocorrido de forma muito evidente nos chamados países desenvolvidos, com maior incidência na faixa etária a partir dos 45 anos e particularmente depois dos 60 anos, sendo rara antes dos 30 anos.

Fazendo um paralelo entre as taxas de sobrevivência e os sistemas de saúde, salta à vista a correlação decorrente da existência de cuidados universais de saúde num país, como o nosso, e o aumento extraordinário das possibilidades de sobrevivência, constituindo este dado um bom indicador do grau civilizacional de um país para com os seus doentes.

Com vista a elucidar a população relativamente aos fatores de risco do cancro da mama, vale a pena relembrá-los:

• Idade – a probabilidade de aparecimento aumenta com a idade, principalmente a partir da menopausa.
• Reincidência do cancro da mama – a probabilidade de ter cancro numa mama aumenta quando este já ocorreu na outra.
• História familiar – nas mulheres mais novas o risco aumenta significativamente quando os familiares mais próximas foram afetadas pelo cancro.
• Alterações genéticas - mutações ocorridas nos genes BRCA1, BRCA2 e outros potenciam o aparecimento do cancro.
• Primeira gravidez tardia - depois dos 31 anos.
• História menstrual - potencia um risco aumentado nas mulheres em que a primeira menstruação aconteceu antes dos 12 anos de idade, nas mulheres em que menopausa se verificou após os 55 anos, e nas que nunca tiveram filhos.
• Terapêutica hormonal de substituição - parece existir uma maior possibilidade de desenvolvimento do cancro da mama por parte das mulheres sujeitas a terapêutica hormonal durante 5 ou mais anos após a menopausa.
• Grupo humano - nas mulheres caucasianas a frequência de ocorrência do cancro da mama é superior à encontrada nos grupos constituídos por mulheres latino-americanas, asiáticas e afro-americanas.
• Obesidade – principalmente nas mulheres mais velhas.
• Sedentarismo – ausência de exercício físico regular.

Como em tudo na vida, enterrar a cabeça na areia não é de todo a opção mais sensata e perante o cancro da mama é conveniente não ser apanhado desprevenido numa qualquer curva da vida.

Equipa EPS do AEJD