Dia Mundial do Não Fumador 2020

Na próxima terça-feira, dia 17, assinala-se mais um Dia Mundial do Não Fumador.

Já poucos acreditam em glamour e sensualidade, mulheres fortes e independentes de cigarro entre os dedos, homens confiantes e determinados, porque fumam, pois o mundo que pula e avança também mudou muito e, hoje, o tabaco está ficando um pária, algo que destoa com a frescura do hálito, com a luminosidade de rostos frescos e com dedos cor de pele.

Sabendo tudo isto, muitos são ainda os que continuam a deixar-se enredar pelos enlevos do fumo, a procurar nele a força e o alento para combater inseguranças, dificuldades de relacionamento, sonhos e anseios desfeitos na realidade das coisas, a ver nele a âncora a que se agarram para continuar a encarar o mundo, o cinzento do quotidiano vivido, uma ajuda para iludir esperanças de amanhãs que nunca chegarão.

Para estes, ações de sensibilização sobre os malefícios do tabaco pouco efeito surtirão, pois conhecem-nos bem em si próprios ou nos que lhes são próximos, fartos de saber e de ouvir dizer que aquele é uma das causas principais do cancro do pulmão, da doença pulmonar obstrutiva crónica, da doença cerebrovascular e de muitas outras.

O público-alvo das campanhas de prevenção e sensibilização sobre a problemática tabágica deve incidir preferencialmente nas camadas jovens, levando-as a interiorizar os fatores de risco associados ao consumo de tabaco e a encontrar em si a melhor forma de escapar às garras do vício do fumo.

Não raras vezes o tabagismo faz-se acompanhar por outros hábitos pouco saudáveis, caso do alcoolismo. O estado de saúde dos indivíduos pode sofrer um sério abalo, quando a este duo se vem juntar uma epidemia, com as características da protagonizada pelo SARS-CoV-2.

Covid-19 e tabagismo formam uma combinação fatal, pois o consumo de tabaco não só favorece o agravamento da infeção como potencia a própria transmissão do vírus, dado afetar o sistema imunitário, tornando os fumadores mais vulneráveis às doenças infecciosas.

As mucosas da boca, do nariz e das vias aéreas superiores constituem a principal porta de entrada do vírus SARS-CoV-2, sendo a conjuntiva, membrana mucosa fina e transparente que recobre a parte branca do olho  e também a parte interna das pálpebras, uma segunda porta de entrada, bem menos utilizada.

É a ligação do vírus a recetores das enzimas ECA2, abundantes no tecido pulmonar, que permite a sua ligação às células e consequente infeção.

Tem-se verificado que fumadores, ex-fumadores e indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) apresentam valores elevados da referida enzima nas vias aéreas inferiores, o que leva a crer que o consumo de tabaco possa contribuir para o aumento dos recetores através dos quais o vírus invade o organismo humano.

Deixar de fumar constituirá uma medida de proteção decisiva para minimizar os problemas de saúde criados pelo SARS-CoV-2.

Tal como no ano passado, e agora no contexto da maior pandemia das nossas vidas, voltamos a apelar aos fumadores que é chegada a altura de meditar e decidir fazer um compasso de espera, propondo-se a si próprios levar avante um dos grandes desafios da sua vida, a decisão de deixar de fumar.

Equipa EPS do AEJD