Dia dos Oceanos 2022

Na 4ª feira, dia 8 de junho, celebra-se o Dia Mundial dos Oceanos, data escolhida em 2008 pela Assembleia Geral das Nações Unidas para celebrar os oceanos. De referir que este dia já era assinalado desde 1992 em muitos países, na sequência da realização, no Rio de Janeiro, da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.

Nunca como agora os mares e oceanos, que ao longo dos tempos foram sempre encarados pelos humanos como grandes, fortes e poderosos, estiveram tão ameaçados por via das variadas e crescentes interferências que estão pondo em causa a sua estabilidade e resiliência.

É fundamental continuar a sensibilizar a humanidade para a importância dos oceanos, berço da enorme e complexa biodiversidade que ao longo de milhões de anos foi surgindo, evoluindo e substituindo-se neste planeta, muitas vezes chamado de planeta azul, já que ocupam mais de dois terços da superfície terrestre e sem os quais nada na Terra seria o que é.

Salvar os oceanos será, já é, uma das grandes missões desta e das próximas gerações, exigindo de todos e de cada um compromisso sério na utilização dos seus recursos de forma sustentável, se quisermos ter um amanhã que assegure o futuro da humanidade.

O estado de emergência climática reconhece a ameaça constituída pelo aquecimento global, responsável pelo aumento do nível dos oceanos, que no século passado foi da ordem dos 17 centímetros, prevendo-se que a subida continuará a verificar-se ao longo do século 21 por via do degelo e da expansão térmica. Tal facto configura uma tremenda ameaça para os centros populacionais costeiros, lar da maior parte da população mundial, onde estão sediadas a maioria das suas atividades económicas. É claro que esta situação não é obra do acaso, mas tão-somente o resultado de ações que, semeando ventos, seria previsível que desencadeassem tempestades.

O princípio do atualismo ou das causas atuais magistralmente defendido por James Hutton e Charles Lyell, associado ao princípio de que as leis naturais são constantes no espaço e no tempo, ajudam-nos a compreender os acontecimentos que caracterizam a chamada emergência climática, que, sendo global, não poderia deixar de pôr em causa a saúde dos oceanos.

Os pesticidas, fosfatos, nitratos e muitos outros resíduos, acabando nas águas costeiras, provocam o esgotamento do oxigénio e a morte de plantas e animais aquáticos. A esta panóplia de contaminantes soma-se o enorme impacto das indústrias que, vertendo águas residuais nos rios e oceanos, afetam gravemente os ecossistemas aquáticos.

Os oceanos têm sido um vazadouro dos nossos lixos com efeitos nefastos para a vida, já que muitos deles são percecionados pelos animais como alimentos.

Outra fonte de agressão aos oceanos, e não menos grave, é a referente às emissões de CO2 na atmosfera provenientes das atividades antropogénicas, responsáveis pela elevação em 40% dos níveis de CO₂ no ambiente relativamente ao período pré-industrial, com a consequente intensificação da acidificação dos oceanos. Esta traduziu-se numa diminuição do pH destes em 30% nos últimos 250 anos, alterando o ciclo do carbono e aumentando a quantidade de iões de hidrogénio livres na água, com efeitos perniciosos em muitos seres vivos, nomeadamente, na formação do exosqueleto de animais.

O branqueamento dos corais devido à perda por estes das zooxantelas, algas unicelulares com as quais mantêm uma relação simbiótica, benéfica para ambos, tem sido associado ao aumento da temperatura e ao processo de acidificação dos mares.

A sobreexploração para a obtenção de alimento e outros recursos tem contribuído de forma drástica para a redução dos recursos aquáticos e, no mesmo sentido, tem atuado na captura acidental levando a que animais que respiram ar atmosférico, ao ficarem enredados, não retornem à superfície e morram afogados, ou sofram ferimentos graves que lhes condicionam a alimentação e locomoção.

Como um mal nunca vem só, nos últimos tempos, surgiu mais uma ameaça, cuja perigosidade não deixa de aumentar a cada ano que passa, estamos a referirmo-nos aos plásticos, cujos resíduos estão a poluir cada vez mais os mares e oceanos e que, segundo algumas estimativas, até 2050 poderão conter, por peso, mais plástico do que peixe.

Todos os anos entrarão no mar mais de onze milhões de toneladas de plásticos, representando 80% do lixo nos oceanos, sendo a poluição que geram uma das principais ameaças ambientais dos mares. A chamada “ilha de plástico do Pacífico” com centenas de quilómetros de extensão, é bem exemplificadora desta gravíssima situação.

Este ano cabe ao nosso país acolher pela primeira vez a Conferência sobre os Oceanos das Nações Unidas que decorrerá em Lisboa de 27 de junho a 1 de julho, coorganizada pelos Governos do Quénia e de Portugal.

Esta Segunda Conferência dos Oceanos das Nações Unidas pretende contribuir para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 - Conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, que em 2015 foram estabelecidos pelas Nações Unidas.

Esta conferência pugnará pela implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, que de modo mais abreviado poderemos identificar como “Proteger a vida marinha” pelo que “procurará impulsionar soluções inovadoras, baseadas em dados científicos, através das quais se pretende iniciar um novo capítulo da ação mundial sobre os oceanos”.

A efetivação da proteção da vida marinha e consequentemente da saúde dos oceanos exige a aceitação pelas entidades e instituições competentes a nível mundial que “as soluções para uma gestão sustentável dos oceanos abrangem as tecnologias verdes e utilizações inovadoras dos recursos marinhos, a luta contra as ameaças para a saúde, a ecologia, a economia e a governação dos oceanos - acidificação, lixo marinho e poluição, pesca ilegal, não declarada e não regulamentada e perda de habitats e biodiversidade”.

Salvar os oceanos, proteger o futuro é algo a que não nos podemos eximir quer na condição de indivíduos, quer na de cidadãos conscientes da comunidade global que constitui a humanidade, já que de outro modo é a nossa sobrevivência que estará posta em causa.

Com Sylvia Earle partilhamos a ideia de que sem azul não há verde, sem oceanos não há vida.


Equipa EPS do AEJD

A Natureza Está Falando – Harrison Ford é O Oceano | Conservação Internacional (CI)

Factos Sobre o Oceano | National Geographic Portugal 

Conferência dos Oceanos das Nações Unidas: Em 2022, "o futuro dos oceanos decide-se em Lisboa."

“Quando protegemos o oceano, o oceano nos protege de volta.”

Announcing UN World Oceans Day 2022

Participa já!