Dia Internacional do Riso 2024

Na próxima 5ª feira, dia 18 de janeiro, celebra-se mais um Dia Internacional do Riso, num contexto em que a ceifeira da vida não satisfeita com a fúria devastadora e selvática abatida sobre a Ucrânia, resolveu abrir a caixa de Pandora do Médio Oriente, dela jorrando numa explosão de ressentimento, de vingança, de impunidade, de desumanização do outro, uma hecatombe de sangue e sofrimento dificilmente imagináveis, mesmo pelos mais pessimistas e descrentes acerca da natureza humana.

Numa terra onde surgiram muitos dos princípios fundadores da civilização ocidental, onde se pediu que amassemos os outros como a nós mesmos, e se em vez de perdoarmos sete vezes, perdoássemos sete vezes sete (ou dizendo literalmente que o deveríamos fazer sempre), estamos assistindo a um Armagedão que uns tantos nos querem fazer crer como uma batalha final travada entre as forças do Bem e do Mal.

Como diria Sophia de Mello Breyner, vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar a tragédia de um combate feio, muito feio, feito de uma abismal ausência de compaixão e de decência, realçando o quão de maléfico e de pérfido existe na humanidade. Um drama e uma tragédia dando um significado bem real à frase popularizada por Thomas Hobbes de que o homem é o lobo do homem, pois que este é capaz de infligir em si mesmo e nos demais ao seu redor, toda a violência (dita) considerada própria de um animal.

Que um riso irónico e sarcástico nos esconda as lágrimas de vergonha, num tempo em que a morte saiu à rua, munida da sua gadanha, sôfrega do sangue dos ditos bons e dos ditos maus. Que esse riso nos ajude a exorcizar os clamores lancinantes das vítimas, cujas imagens, servidas a todas as horas do dia, estão normalizando tudo o que de mais abjecto possa existir nestas contendas sangrentas.

Os chamados danos colaterais, como eufemisticamente são designadas as vítimas inocentes, não passam de pormenores para quem se acha e se comporta como os donos disto tudo, outorgando-se do direito de decidir quem morre e quem vive, esquecendo que todas as vidas contam.

Charles Chaplin, a propósito do poder terapêutico do riso dizia-nos “É saudável rir das coisas mais sinistras da vida, inclusive da morte. O riso é um tónico, um alívio, uma pausa que permite atenuar a dor”, e reforça essa ideia nesta outra citação “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror”.

Parafraseando Manuel Alegre na sua trova do vento que passa “Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão…” que o riso de uma criança nos traga uma centelha de esperança, um raio de luz rompendo a escuridão.

A utilização da maior parte dos músculos do rosto no esboçar de um simples sorriso, desmente a frase feita de “muito riso…pouco siso”. É sabido e percebido, de um modo intuitivo, que o riso autêntico, enquanto expressão facial de bem-estar, constitui um poderoso instrumento de ligação e coesão social. Rimo-nos com os outros e os mais sábios também se riem de si próprios.

Na sua fugacidade e aparente inutilidade, o riso é profundamente subversivo, pois que na sua incorrigibilidade não obedece à ordem estabelecida, nem reconhece hierarquias.

Diz o povo que quem canta seus males espanta, e quem ri, atrevemo-nos a conjeturar, que os espantará a dobrar.
Immanuel Kant, dizia que “Voltaire disse que o céu nos tinha dado duas coisas para equilibrar as numerosas desgraças da vida: a esperança e o sonho. Podia ter acrescentado o Riso”. Como força libertadora da mente e do corpo e sendo nós uma espécie que sabe rir, atrevemo-nos a afirmar que o riso emanando do mais profundo do nosso ser torna-nos intrínseca e inteiramente humanos.

Que o poder terapêutico do riso continue a manifestar-se neste dia e nestes tempos em que o que mais importa é reforçar e enaltecer o sentido da vida.

Equipa EPS do AEJD  

"SMILE", Nat King Cole . Melodia composta por Chaplin. Letra por John Turner e Geoffrey Parsons
Rir é Contagiante!
Dia do Riso