Dia Mundial da Água 2022

Na próxima terça-feira, dia 22 de março, assinala-se o Dia Mundial da Água, que começou a ser comemorado nesta data em 1993, na sequência da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992.

Para cada ano é escolhido um novo tema e, neste ano de 2022, o tema é “Águas subterrâneas: Tornando o invisível visível“.

A celebração do Dia Mundial da Água ocorre no início da primavera, tempo do despertar da vida plena de vitalidade, depois do longo adormecimento do inverno, altura oportuna para evidenciar o valor da água na nossa sobrevivência e de todos os seres vivos. É, também, este o momento para relembrar a importância do uso sustentável de um recurso que, já na antiguidade, Tales de Mileto definia como sendo o elemento e princípio das coisas, sendo, por isso, imperioso reforçar o empenho na conservação dos ambientes aquáticos, salvaguardando-os da poluição e contaminação.

A água, fonte de vida, que para Leonardo da Vinci era a força motriz da natureza, é um bem universal cada vez mais escasso face ao aumento da população humana, que continua a crescer a um ritmo assustador, e ao incremento da procura por parte dos setores industrial e doméstico das economias emergentes.

As alterações climáticas a que estamos assistindo, causa principal da situação de grave emergência climática, estão a contribuir para tornar cada vez mais difícil equilibrar a demanda dos recursos hídricos com a necessidade das populações. Segundo as Nações Unidas, os recursos hídricos “são vitais para reduzir a carga global de doenças e melhorar a saúde, a educação e a produtividade económica das populações”, o que se nos afigura não ser nada fácil de conseguir, a manterem-se as políticas relativas à gestão da água.

A questão dos recursos hídricos não pode ser escamoteada, devendo ocupar um lugar cimeiro nas preocupações da agenda política da generalidade dos países, dadas as sérias ameaças a que estão sujeitos os sistemas hídricos e, em particular, as águas subterrâneas. Estas, que perfazem cerca de 98% de toda a água doce no estado líquido do planeta, correspondem às águas presentes abaixo da superfície terrestre, fazendo parte do solo, preenchendo os poros, fraturas e falhas das rochas e descansando no fundo de cavernas subterrâneas. Constituem um importante recurso natural responsável por cerca de metade do regadio do globo e são essenciais para os abastecimentos domésticos e particulares de muitos países.

Sendo um recurso “escondido” debaixo do solo, é preciso torná-las visíveis para todos e daí a decisão de, neste ano de 2022, ter sido escolhido o tema “Águas subterrâneas: Tornando o invisível visível“ para a celebração deste dia.

A qualidade das águas subterrâneas costuma ser muito superior à das águas de superfície, pois ao infiltrarem-se passam por sucessivos processos de filtragem e purificação, sofrendo ainda a ação de processos físico-químicos e biológicos que as tornam próprias para o consumo humano.

Sobre as águas subterrâneas pesam duas grandes ameaças: a sobreexploração e a contaminação, que se têm acentuado a cada ano que passa. A ocorrência de sobreexploração significa que os volumes de água extraídos dos aquíferos excedem os que são repostos através da precipitação que se infiltra no solo. Esta situação começou a generalizar-se na segunda metade do século passado em muitas partes do globo, nomeadamente nas principais regiões produtoras de alimentos, como sejam a planície norte da China, o Punjab na Índia e o sul das grandes planícies dos Estados Unidos, onde, através de potentes bombas a diesel ou elétricas, passou a conseguir-se extrair água dos aquíferos com uma rapidez superior à sua recarga pela chuva.

Relativamente à contaminação das águas subterrâneas são muitas as fontes de poluição que podem provocar a contaminação grave dos aquíferos, caso dos resíduos de hidrocarbonetos, pesticidas, adubos e agrotóxicos, não esquecendo as águas residuais, os resíduos sólidos urbanos e industriais e ainda a contaminação depositada pela precipitação. Em muitos locais a contaminação dos aquíferos já atingiu valores que tornaram impossível a utilização das suas águas.

No livro de Eclesiastes do Antigo Testamento surge uma perfeita descrição do ciclo da água: “Todos os rios correm para o mar, porém o mar nunca fica cheio. As águas voltam para onde nascem os rios, e tudo começa outra vez”. O percurso da água entre os diversos subsistemas torna evidente a constante interação entre as águas subterrâneas e as águas superficiais e clara a necessidade de preservá-las da sobreexploração e da contaminação, visando salvaguardar um recurso vital à sobrevivência de todos os seres vivos.

Equipa EPS do AEJD
 

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